Segundo Gary Gereffi (2005), o estudo sobre cadeias globais de valor (GVC – sigla em inglês para Global Value Chain) visa examinar as diversas formas nas quais os sistemas de produção e distribuição estão integrados, desvendando as possibilidades para que as empresas internacionais mantenham sua competitividade no mercado.

Estas cadeias de valor representam o valor adicionado ao produto ou serviço desde sua forma inicial em matéria-prima até sua concepção final de produto acabado;sendo que os processos de formulação do produto, inovação, marketing e distribuiçãocontribuem para a agregação deste valor.

Após a forte liberalização comercial e financeira que ocorreu na década de 90, sobretudo nos países em desenvolvimento, a competição entre firmas internacionais elevou-se sobremaneira. As empresas nacionais não mais competem somente com suas concorrentes nacionais, mas passam a disputar mercado com produtos estrangeiros, seja na forma de importações, seja pela produção no próprio país por meio de investimentos diretos externos ou IDE.

Os dois principais motivos pelos quais as grandes empresas buscam o mercado global são a redução dos custos de produção, principalmente em países com mão de obra barata e qualificada; e a expansão do mercado, que antes era nacional e agora passa a ser global. Entretanto, é necessário que se calcule os custos de oportunidade entre produzir e distribuir globalmente e os custos logísticos destas operações. Quanto mais mercadorias e mais distantes os destinos, maiores os custos de transporte e armazenagem, além das barreiras institucionais, tais como barreiras tarifárias e não tarifárias, barreiras culturais e legais (legislação ambiental, trabalhista, etc.).

Visando aumentar sua competitividade, empresas multinacionais passam a investir em parcerias estratégicas com seus clientes e, principalmente, com seus fornecedores além-mar. Ao invés de se ter muitas opções de fornecimento, as grandes corporações tem provado ser mais lucrativo desenvolver parcerias complexas de longo prazo com um número reduzido de fornecedores, visando, acima de tudo, a garantia da qualidade dos produtos e serviços oferecidos.

Esta atividade de busca de fornecedores é denominada “Sourcing”, ou seja, achar a fonte, o suprimento. Existem diversas formas de se realizar o Sourcing, se dividindo em duas etapas principais: a contratual, que define se o fornecimento partirá da própria empresa ou de uma empresa independente; e a etapa localizacional, que definirá a nacionalidade do contratado: nacional ou estrangeiro. Abaixo a representação dos possíveis tipos de Sourcing:

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A discussão acerca da posição dos países nas cadeias globais de valor é bastante atual, pois, dependendo da posição da qual o país se apodera (produção, marketing, pesquisa, etc.), ele poderá usufruir mais ou menos dos lucros gerados pela comercialização do produto ao longo da cadeia. O Brasil, por exemplo, vem se colocando, cada vez mais, nas etapas mais básicas das cadeias globais de valor, como o fornecimento de matéria-prima ou na montagem de componentes, o que implica no baixo valor agregado estrangeiro nas exportações brasileiras, e um percentual grande de componentes brasileiros nas exportações estrangeiras, o que demonstra que o Brasil agrega pouco valor aos produtos e, consequentemente, usufrui pouco deste valor.

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Thomas Ribeiro

Membro GELOG

Relações Internacionais